A Batalha de Argel - Um documentário sobre a Independência Argelina
A Batalha de Argel é um filme de guerra/documentário italiano/argelino de 1966, dirigido por Gillo Pontecorvo. O filme é estrelado por Brahim Hadjadj, Jean Martin e Yacef Saadi. A história se foca na luta argelina de se tornar independente do governo francês e como tais ações levaram ambos os países a se odiarem nos anos seguintes. Por ter sido feito quatro anos após a guerra, o filme acabou sendo proibido em quase o mundo inteiro, incluindo o Brasil. Mas, ganhou grande reconhecimento cinematográfico pelos temas ousados que usa para contar a história dos seus personagens. O filme é preto e branco e um pouco demorado antes do clímax. Mesmo assim, o filme é uma obra-prima do cinema italiano e recomendável para aqueles que são curiosos sobre filme e o porquê acabou sendo proibido naquela época.
O Exército Francês na Argélia
Quando a França anexou a Argélia como parte de seu império, todas as tropas francesas já atuavam na região contra guerrilhas argelinas que queriam estabelecer sua própria nação. Durante o período da Revolução Argelina, o exército francês foi novamente enviado para esmagar os revoltosos. Porém, os soldados franceses não estavam preparados para enfrentar a ira de uma população pobre e desesperada por uma solução pacífica. As forças francesas atuaram com grande brutalidade na luta contra as milícias que lutavam por uma nação melhor. Ambos os lados sofreram grandes baixas, mas o exército francês finalmente seria derrotado e expulso da recém-criada nação em 1962.
Argélia Francesa - Uma Colônia Decadente e Problemática
Quando a Argélia foi invadida e anexada pelos franceses em 1847, vários problemas começaram a surgir que afetariam o governo francês até a independência dessa colônia. O principal problema era a falta de comunicação com as dezenas de tribos diferentes que viviam na Argélia. Mesmo que o governo francês empregasse uma educação obrigatória para essas tribos falarem a língua francesa, a maioria da população ainda via os franceses como invasores que precisavam ser expulsos de suas terras. Outro problema que afetaria ainda mais os franceses foram as várias revoltas que ocorreram no território contra a colonização francesa. Esses atos de resistência seriam o principal motivo de a população se revoltar contra os franceses, pois mostravam que esses colonos europeus podiam ser derrotados e expulsos. Outro detalhe era que após a Segunda Guerra Mundial, todas as outras colônias francesas da África haviam iniciado movimentos de independência contra a França, alguns violentos, outros mais pacíficos, enquanto a Argélia ainda se mantinha "leal" diante de seus mestres franceses. Por causa disso, a economia da colônia seria fraca e quase toda a sua população de origem africana e árabe seria pobre, piorando ainda mais os outros problemas da colônia.
A Frente de Libertação Nacional (FLN)
A Frente de Libertação Nacional ou FLN foi um grupo político que queria o fim da colonização francesa na Argélia e o reconhecimento de seu país na ONU. De início, o grupo tentou a diplomacia para negociar com o governo francês. Porém, os franceses negaram qualquer acordo e declararam o grupo ilegal. Não tendo outra alternativa, o grupo político se expandiu e pegou em armas contra os colonizadores franceses. Quando estorou a Revolução Argelina, a FLN usava violentas táticas emboscada contra os distritos franceses da capital Argel. Em retaliação, os franceses invadiram os distritos argelinos e caçaram por quase um ano inteiro os líderes do grupo. Após intensos combates urbanos, a FLN acabou sendo expulsa de Argel e boa parte de seus líderes foi capturada ou morta. O que restou da FLN fugiu para o interior, onde resisitiu pelo resto da guerra até a retirada francesa da colônia. Após a revolução, a Argélia seria reconhecida pela ONU e a FLN formaria por muitos anos o primeiro governo totalmente argelino. Esse grupo político existe até hoje na forma de um partido.
A Guerra de Independência Argelina ou a Revolução Argelina
A Revolução Argelina foi uma longa guerra civil (durou 7 anos, de 1954 até 1962) entre o grupo político-militar FLN e o governo francês. De início, os franceses tinham a vantagem sobre a FLN. Possuíam mais homens, tanques e muitos de seus soldados foram veteranos da Segunda Guerra e sabiam usar táticas de guerrilha. Já a FLN era formada por políticos, civis voluntários e fazendeiros que queriam o fim da colonização francesa e a criação de uma nação só argelina. Possuíam poucas armas ou treinamento adequado, mas empregaram ousados ataques de emboscada contra civis franceses. A guerra se focou principalmente na capital, Argel. Mas, quando quase toda a FLN foi destruída e expulsa da capital, seus sobreviventes recuaram para o interior desértico e montanhoso para continuar a resistir aos franceses e construir um exército. O resto da guerra continuou no interior da Argélia, onde um enorme impasse acabou acontecendo e ninguém conseguia obter uma vitória decisiva. Quando parecia que a FLN finalmente desistiria da luta, uma revolta popular atingiu a capital Argel e surpreendeu o governo francês. Este, despreparado contra uma revolta desse tipo, ordenou a retirada imediata de suas tropas e civis de origem francesa. Para piorar, a ONU e outras nações aliadas da França começaram a receber horríveis notícias de crimes de guerra que os franceses estavam promovendo pela Argélia. Em 1962, os franceses evacuaram todos os seus militares e civis e sobre forte pressão da ONU, teve que reconhecer a independência de sua última colônia que tinha na África. Essa derrota francesa também levou a queda do governo do general De Gaulle (a queda ocorreu em 1958).
Os Paraquedistas Franceses - A Elite do Exército Francês
Criados após a Segunda Guerra Mundial, os paraquedistas franceses eram homens bem treinados, equipados e leais ao governo francês. Quando a polícia colonial francesa estava sendo humilhada pelos ataques da FLN, o governo despachou dezenas de batalhões desses soldados de elite para lidar com esse grupo político que planejava desestabilizar as forças francesas na Argélia. Usando táticas de guerrilha, esses paraquedistas quase destruíram a FLN em Argel. Porém, quando seus homens começaram a enfrentar um inimigo que conhecia o terreno desértico, aí as coisas pioraram. Mesmo após a derrota da França na guerra de independência, muitos paraquedistas saíram preparados para futuras revoltas que ainda pudessem ocorrer em suas poucas colônias pelo mundo.
Bibliografia:
- Revista "Aventuras na História - Grandes Guerras - Edição de Colecionador - 100 Melhores Filmes de Guerra de Todos os Tempos". Ed. Abril. São Paulo, SP, 2008.
- https://en.wikipedia.org/wiki/French_Army (página em inglês).
- https://en.wikipedia.org/wiki/French_Algeria (página em inglês).
- https://en.wikipedia.org/wiki/National_Liberation_Front_(Algeria) (página em inglês).
- https://en.wikipedia.org/wiki/Algerian_War (página em inglês).