domingo, 27 de janeiro de 2019

Análise Histórica de "A Batalha de Argel"

 

A Batalha de Argel - Um documentário sobre a Independência Argelina

 
A Batalha de Argel é um filme de guerra/documentário italiano/argelino de 1966, dirigido por Gillo Pontecorvo. O filme é estrelado por Brahim Hadjadj, Jean Martin e Yacef Saadi. A história se foca na luta argelina de se tornar independente do governo francês e como tais ações levaram ambos os países a se odiarem nos anos seguintes. Por ter sido feito quatro anos após a guerra, o filme acabou sendo proibido em quase o mundo inteiro, incluindo o Brasil. Mas, ganhou grande reconhecimento cinematográfico pelos temas ousados que usa para contar a história dos seus personagens. O filme é preto e branco e um pouco demorado antes do clímax. Mesmo assim, o filme é uma obra-prima do cinema italiano e recomendável para aqueles que são curiosos sobre filme e o porquê acabou sendo proibido naquela época.  
 
 
 

O Exército Francês na Argélia

 
Quando a França anexou a Argélia como parte de seu império, todas as tropas francesas já atuavam na região contra guerrilhas argelinas que queriam estabelecer sua própria nação. Durante o período da Revolução Argelina, o exército francês foi novamente enviado para esmagar os revoltosos. Porém, os soldados franceses não estavam preparados para enfrentar a ira de uma população pobre e desesperada por uma solução pacífica. As forças francesas atuaram com grande brutalidade na luta contra as milícias que lutavam por uma nação melhor. Ambos os lados sofreram grandes baixas, mas o exército francês finalmente seria derrotado e expulso da recém-criada nação em 1962.
 
 
 

Argélia Francesa - Uma Colônia Decadente e Problemática

 
Quando a Argélia foi invadida e anexada pelos franceses em 1847, vários problemas começaram a surgir que afetariam o governo francês até a independência dessa colônia. O principal problema era a falta de comunicação com as dezenas de tribos diferentes que viviam na Argélia. Mesmo que o governo francês empregasse uma educação obrigatória para essas tribos falarem a língua francesa, a maioria da população ainda via os franceses como invasores que precisavam ser expulsos de suas terras. Outro problema que afetaria ainda mais os franceses foram as várias revoltas que ocorreram no território contra a colonização francesa. Esses atos de resistência seriam o principal motivo de a população se revoltar contra os franceses, pois mostravam que esses colonos europeus podiam ser derrotados e expulsos. Outro detalhe era que após a Segunda Guerra Mundial, todas as outras colônias francesas da África haviam iniciado movimentos de independência contra a França, alguns violentos, outros mais pacíficos, enquanto a Argélia ainda se mantinha "leal" diante de seus mestres franceses. Por causa disso, a economia da colônia seria fraca e quase toda a sua população de origem africana e árabe seria pobre, piorando ainda mais os outros problemas da colônia.
 
 
 

A Frente de Libertação Nacional (FLN)

 

A Frente de Libertação Nacional ou FLN foi um grupo político que queria o fim da colonização francesa na Argélia e o reconhecimento de seu país na ONU. De início, o grupo tentou a diplomacia para negociar com o governo francês. Porém, os franceses negaram qualquer acordo e declararam o grupo ilegal. Não tendo outra alternativa, o grupo político se expandiu e pegou em armas contra os colonizadores franceses. Quando estorou a Revolução Argelina, a FLN usava violentas táticas emboscada contra os distritos franceses da capital Argel. Em retaliação, os franceses invadiram os distritos argelinos e caçaram por quase um ano inteiro os líderes do grupo. Após intensos combates urbanos, a FLN acabou sendo expulsa de Argel e boa parte de seus líderes foi capturada ou morta. O que restou da FLN fugiu para o interior, onde resisitiu pelo resto da guerra até a retirada francesa da colônia. Após a revolução, a Argélia seria reconhecida pela ONU e a FLN formaria por muitos anos o primeiro governo totalmente argelino. Esse grupo político existe até hoje na forma de um partido.
 
 
 
 
 

A Guerra de Independência Argelina ou a Revolução Argelina

 
A Revolução Argelina foi uma longa guerra civil (durou 7 anos, de 1954 até 1962) entre o grupo político-militar FLN e o governo francês. De início, os franceses tinham a vantagem sobre a FLN. Possuíam mais homens, tanques e muitos de seus soldados foram veteranos da Segunda Guerra e sabiam usar táticas de guerrilha. Já a FLN era formada por políticos, civis voluntários e fazendeiros que queriam o fim da colonização francesa e a criação de uma nação só argelina. Possuíam poucas armas ou treinamento adequado, mas empregaram ousados ataques de emboscada contra civis franceses. A guerra se focou principalmente na capital, Argel. Mas, quando quase toda a FLN foi destruída e expulsa da capital, seus sobreviventes recuaram para o interior desértico e montanhoso para continuar a resistir aos franceses e construir um exército. O resto da guerra continuou no interior da Argélia, onde um enorme impasse acabou acontecendo e ninguém conseguia obter uma vitória decisiva. Quando parecia que a FLN finalmente desistiria da luta, uma revolta popular atingiu a capital Argel e surpreendeu o governo francês. Este, despreparado contra uma revolta desse tipo, ordenou a retirada imediata de suas tropas e civis de origem francesa. Para piorar, a ONU e outras nações aliadas da França começaram a receber horríveis notícias de crimes de guerra que os franceses estavam promovendo pela Argélia. Em 1962, os franceses evacuaram todos os seus militares e civis e sobre forte pressão da ONU, teve que reconhecer a independência de sua última colônia que tinha na África. Essa derrota francesa também levou a queda do governo do general De Gaulle (a queda ocorreu em 1958).
 
 
 
 
 

Os Paraquedistas Franceses - A Elite do Exército Francês

 
Criados após a Segunda Guerra Mundial, os paraquedistas franceses eram homens bem treinados, equipados e leais ao governo francês. Quando a polícia colonial francesa estava sendo humilhada pelos ataques da FLN, o governo despachou dezenas de batalhões desses soldados de elite para lidar com esse grupo político que planejava desestabilizar as forças francesas na Argélia. Usando táticas de guerrilha, esses paraquedistas quase destruíram a FLN em Argel. Porém, quando seus homens começaram a enfrentar um inimigo que conhecia o terreno desértico, aí as coisas pioraram. Mesmo após a derrota da França na guerra de independência, muitos paraquedistas saíram preparados para futuras revoltas que ainda pudessem ocorrer em suas poucas colônias pelo mundo.
 
 
 

Bibliografia:





 





sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Análise Histórica de "A Raposa do Deserto"

 

A Raposa do Deserto - A História do Mais Famoso General Alemão da Segunda Guerra Mundial

 
A Raposa do Deserto é um filme biográfico americano de 1951, dirigido por Henry Hathaway e estrelado por James Mason, Cedric Hardwicke e Jessica Tandy. O filme conta a história do general alemão mais famoso da Segunda Guerra Mundial, Erwin Rommel, e tenta criar um mito de ele ter enfrentado não só os aliados, mas, também os nazistas do governo de Hitler. É mostrado sua luta na África, seu comando na França e sua participação no fracassado atentado de 20 de Julho contra Hitler. Mesmo que o filme exagere um pouco na trajetória desse incrível líder militar, tudo que é mostrado foi baseado numa biografia escrita alguns anos depois da guerra. Até hoje é considerado o melhor papel do ator Jason Mason. Recomendável para quem gosta de história militar!  
 
 
 

A Operação Flipper - A Tentativa Aliada de Eliminar Rommel

 
A Operação Flipper foi uma ação britânica com o objetivo de enfraquecer o comando militar ítalo-alemão na África do Norte e principalmente eliminar o general Erwin Rommel, que era considerado o comandante alemão mais temido da guerra. Na noite do dia 10 de Novembro de 1941, uma grande tropa de comandos britânicos se infiltrou atrás das linhas alemãs e italianas e se espalhou para causar o maior caos possível e distrair os alemães de uma grande ofensiva aliada que vinha do Egito para a Líbia. Um dos alvos era o centro de comando de Rommel, localizado na vila de Beda Littoria, na Líbia, onde os comandos rapidamente se infiltraram e neutralizaram a maioria dos guardas. Porém, reforços alemães logo chegaram e forçaram os comandos a recuar com grandes baixas. Após uma longa noite caótica, a Operação Flipper foi um fracasso, pois nenhum dos alvos militares fora neutralizado e Rommel ainda estava vivo porque estava visitando Benito Mussolini em Roma dias antes do ataque aliado.
 
 
 
 
 

Quem foi Erwin Rommel?

 
Erwin Rommel foi um marechal alemão da Segunda Guerra Mundial e um dos maiores gênios militares da História. Rommel começou sua carreira militar já na Primeira Guerra Mundial, em 1917, quando liderou uma tropa de montanha alemã no norte da Itália e capturou mais de 20.000 italianos durante uma ousada ofensiva alemã na região. Quando Hitler assumiu o poder na Alemanha, ele escolheu Rommel para comandar a sinistra Guarda Negra (guarda nazista pessoal de Hitler). Durante a invasão da França (1940), Rommel liderou uma divisão blindada contra as forças aliadas (Inglaterra e França) e ganhou o apelido de o comandante fantasma, por avançar tão rápido nas linhas aliadas que estes nem percebiam que haviam sido ultrapassados pelo general alemão. Em 1941, Rommel foi despachado por Hitler para o Norte da África para ajudar o decadente exército italiano a vencer os ingleses numa longa e difícil campanha, que duraria até 1943. Foi nesse período da guerra no deserto que Rommel ganharia o seu mais famoso apelido, "A Raposa do Deserto", graças as suas táticas ousadas com tanques que o levou a várias vitórias contra os ingleses. Após a sua derrota na África, Rommel comandaria por um tempo as forças alemãs na Itália, mas seria transferido para comandar as defesas alemãs na França. Quando os aliados invadiram com sucesso a França, em 1944, Rommel, que já odiava as constantes interferências de Hitler em suas táticas militares, e era contra a ideologia nazista, participou brevemente de uma conspiração para tirar Hitler do poder. Porém, quando os outros oficiais alemães propuseram matar Hitler, Rommel abandonou o grupo e decidiu se manter neutro nessa situação. Após ser gravemente ferido num ataque aéreo, na França, Rommel retornaria para casa, na Bavária. Mas, em 20 de Julho de 1944, o atentado contra Hitler fracassou e seus membros julgados e eliminados. De início, ninguém desconfiou que Rommel havia participado do atentado, mas tudo mudou quando um dos conspiradores mencionou o nome do marechal durante uma sessão de tortura. Rommel foi preso pela Gestapo (polícia secreta nazista) e forçado a tomar uma pílula de cianureto para salvar sua família, ainda em 1944. Enterrado com todas as honras, Rommel ainda foi homenageado pelos aliados como um verdadeiro herói alemão e um combatente contra o nazismo.
 
 

 

 

 A Segunda Batalha de El Alamein - A Derrota de Rommel no Deserto Africano

 
Em 23 de Outubro de 1942, os aliados, liderados pela Inglaterra, lançaram a maior ofensiva de toda a Campanha Africana. Pegando de surpresa os alemães e italianos entricheirados nas proximidades de El Alamein, os aliados bombardearam suas fortificações e enviaram engenheiros para abrir caminho pelos campos minados para os tanques avançarem. De início, a operação estava indo bem, porém, alguns erros logísticos causaram os aliados a perder a força da ofensiva e adotar uma posição defensiva, dentro do território inimigo, para manter a oportunidade desse ataque. Por vários dias, intensos combates de tanques aconteceram pelo deserto egípcio e demorariam para obter um resultado final. Em 3 de Novembro, Rommel decidiu desobedecer as ordens de Hitler de lutar até o fim e deu início a uma retirada para a Líbia. Em 4 de Novembro, a segunda batalha de El Alamein chegava ao fim e os sonhos de Hitler de dominar o Oriente Médio acabados.
 
 
 




 

Quem foi Karl Strölin?

 
Karl Strölin foi um político nazista e um dos conspiradores de tentar matar Hitler. Antes da guerra, Strölin foi um fervoroso líder político e fazia fortes campanhas contra os judeus. Foi prefeito de Stuttgart até o fim da guerra e presidente do Partido Nazista até 1945. Durante a Segunda Guerra, Strölin deportou mais de 2000 judeus para os campos de concentração. Participou da tentativa de assassinato de  Hitler em 20 de Julho e escapou da morte por ter poucas conexões com os líderes do golpe fracassado. Continuou como prefeito de Stuttgart, mas sem presidir o partido, e se rendeu para os aliados em 1945. Ficou preso após a guerra e depois de libertado continuou a fazer campanhas à favor do nazismo. Morreu de causas naturais em 1963.
 
 
 
 
 

Quem foi Gerd von Rundstedt?

 
Gerd von Rundstedt foi um marechal alemão e um inovador nas táticas de combate com veículos blindados. De origem prussiana, Rundstedt sempre foi um militar leal ao governo alemão. Mesmo com Hitler tomando o poder, Rundstedt acreditava que a Alemanha voltaria a ser uma nação militar muito poderosa. No início da Segunda Guerra, Rundstedt liderou as principais divisões alemãs contra o seus inimigos e foi um comandante formidável no uso da blitzkrieg (guerra-relâmpago). Porém, a situação começou a mudar quando os aliados detiveram os avanços dos alemães pela Europa e África e começaram a vencer várias batalhas. Foram muito frequentes os bate-bocas entre Rundstedt e Hitler sobre como conduzir a guerra. Mesmo sendo demitido de seu posto, era sempre chamado de volta, pois não havia ninguém melhor do que ele para liderar o exército alemão. Não quis apoiar a tentativa de assassinato contra Hitler. Depois da guerra, foi preso até 1949, mas logo solto. Em 1953 morreu de causas naturais. É considerado um herói de guerra, pois lutou pela Alemanha e não pelo nazismo que tanto odiava.
 
 
 

O Atentado do Dia 20 de Julho de 1944

 
No dia 20 de Julho, um grupo de oficiais alemães tentou matar Hitler, em seu bunker particular na Prússia Oriental, com uma bomba caseira e assumir o comando do Reich para finalizar a guerra e salvar a Alemanha. Mesmo a bomba sendo colocada ao lado de Hitler, este estava fazendo uma reunião numa sala com janelas abertas e acabou se afastando do explosivo na última hora. Quando ocorreu a explosão, os golpistas rapidamente obtiveram o controle de boa parte dos territórios alemães e começaram a prender todos os oficiais da SS ou membros do partido nazista. Mas, depois de algumas horas, Hitler, que só teve ferimentos leves, reassumiu o comando de seu governo e ordenou a prisão e execução de todos os envolvidos no golpe. Ainda no mesmo dia, centenas de golpistas foram presos, executados ou cometeram suicídio e nos dias seguintes Hitler iniciou um expurgo que acabaria de vez com a estrutura militar alemã e que levaria a derrota final desta no ano seguinte.
 
 

 



Quem foi Wilhelm Burgdorf?

 
Wilhelm Burgdorf foi um general alemão da Segunda Guerra Mundial e o homem que forçou Rommel a cometer suicídio para salvar a família. Antes da guerra, Burgdorf era tenente. Se manteve na reserva durante a Grande Guerra graças a influências políticas de seu pai. Quando Hitler assumiu o poder, Burgdorf se juntou ao partido nazista e rapidamente alcançou o título de general sem mesmo ter lutado em alguma batalha. Após o atentado de 20 de julho, Burgdorf foi escolhido por Hitler para buscar e eliminar o "traidor" Rommel. Ameaçando matar toda a família do marechal, Rommel se rendeu para Burgdorf e este deu uma cápsula de veneno para que o comandante alemão não fosse fuzilado. Em 1945, Burgdorf teve sua única experiência em combate durante a brutal Batalha de Berlim. Quando Hitler cometeu suicídio, Burgdorf decidiu continuar com a luta pela capital alemã. Mas, vendo que o fim era inevitável, Burgdorf cometeu suicídio em 2 de Maio de 1945.
 
 

Bibliografia: