quinta-feira, 16 de junho de 2016

Análise Histórica - "Cartas de Iwo Jima" - Parte 3

 

"Cartas de Iwo Jima"- Parte Final

 
 

A Rendição de Soldados Japoneses

 
 
Durante toda a Guerra do Pacífico, o número de soldados japoneses capturados ou rendidos foi extremamente baixo. Como explicado na parte anterior, os japoneses louvavam seu imperador como um deus e eram instruídos a se sacrificarem por ele e pela honra de sua família. Era bem raro de encontrar japoneses que realmente queriam se render, pois não aguentavam mais lutar contra um inimigo imbatível. Em Iwo Jima, dos 21000 japoneses que defendiam a ilha só 216 seriam capturados ou se renderiam durante ou após a batalha.
 
 
 
 
 

Os Crimes de Guerra Americanos no Pacífico

 
Ao longo da Guerra do Pacífico, houveram casos isolados de soldados americanos que torturavam e executavam os poucos prisioneiros japoneses que haviam adquirido em batalha. As razões de tais ações eram bem simples. Muitos americanos acreditavam que foram enviados para matar japoneses e não captura-los. Outros tinham total ódio do povo japonês pelos relatos de prisioneiros americanos que era executados pelos seus captores nipônicos. Após a guerra, nenhum desses casos de execução foram analisados e quase tudo foi deixado de lado pelo governo americano. Em Iwo Jima, houveram alguns casos de execução de prisioneiros japoneses. Nenhum culpado foi julgado pelos atos que cometeu.
 
 
 
 

O Tanque Crocodilo: O Pesadelo dos Soldados Japoneses

Ao longo da Guerra do Pacífico, os americanos utilizavam outra arma letal contra os abrigos japoneses: o tanque lança-chamas "Crocodilo". Armado com um canhão de 75 mm e um lança-chamas, o Crocodilo era visto como um dragão pelos soldados japoneses. Era a arma ideal para atingir as defesas mais poderosas do Japão sem expor muito a infantaria. Em Iwo Jima, pelo menos 30 seriam usados na luta contra as casamatas japonesas. Vários seriam destruídos ou danificados na batalha.
 
 
 
 

O Seppuku - O Suicídio Honroso dos Japoneses



O Seppuku era o suicídio honroso que os oficiais japoneses praticavam quando se viam cercados ou sem condições de se renderem. O oficial se ajoelhava e usava uma adaga para abrir sua barriga. Logo em seguida, um assistente do oficial se posicionava atrás com sua katana e decapitava o seu superior. Tal ato foi bastante praticado ao longo da Guerra do Pacífico. Há alguns casos isolados em que os oficiais japoneses abandonaram a prática do Seppuku e utilizaram pistolas ou granadas para cometerem tal suicídio honroso.
 
 
 

Bibliografia:

 
 

 
 


segunda-feira, 6 de junho de 2016

Análise Histórica - "Cartas de Iwo Jima" - Parte 2




"Cartas de Iwo" - Continuação

 

A Artilharia Japonesa

 
 A artilharia japonesa sempre foi uma das armas favoritas do Japão e os japoneses eram "mestres" no uso dessas armas formidáveis. Em Iwo Jima, os japoneses utilizaram dois tipos de artilharia. O primeiro era do calibre 75mm. Usado em todas as batalhas que o Japão lutou, o canhão de 75mm era uma arma formidável, tanto para defesa quanto para o ataque. Podia ser desmontado e carregado por cinco homens ou dois jumentos. O segundo foi o de calibre de 105mm. Usado para defesas navais, esse tipo de canhão era extremamente poderoso contra alvos pesados, como tanques e navios. Diferente do canhão de 75mm que atirava e recarregava rapidamente, o canhão de 105mm demorava mais para recarregar, mas seu alcance era enorme e seu poder de fogo causava muita destruição. Em Iwo Jima, os japoneses teriam uma grande quantidade desses canhões para as defesas da ilha.
 
 

Os Ataques Aéreos contra Iwo Jima


Por todo o ano de 1944 até os dias antes da invasão em 1945, Iwo Jima foi bastante bombardeada pelo poder aéreo americano. Enfrentando pouca ou nenhuma oposição aérea do Japão, os americanos rapidamente obtiveram superioriedade aérea e podiam bombardear a ilha quase todos os dias. Porém, o bombardeio aéreo foi em vão, pois todas as defesas japonesas foram construídas no subterrâneo da ilha. Quando os americanos invadiram Iwo Jima, eles perceberam que os ataques aéreos foram inúteis para facilitar a conquista da ilha.




O Poder Naval Americano em 1945

 
Em 1945, a Marinha Americana era a maior e mais poderosa do mundo. Possuía mais de 40 porta-aviões, 18 encouraçados, 37 cruzadores e centenas de destroieres. Ela dominava todo o Pacífico. Em Iwo Jima, todo o seu poder naval seria demonstrado contra as defesas japonesas da ilha. Porém, Iwo Jima seria um alvo impossível de ser destruído pelo mar, fazendo com que a Marinha só tivesse um apoio secundário durante a batalha.

 
 
 

A Epidemia de Disenteria em Iwo Jima



Antes e durante a batalha por Iwo Jima, ocorreu uma pequena epidemia de disenteria pela ilha. Durante a construção das defesas subterrâneas da ilha, os japoneses estabeleceram um enorme sistema de esgotos. Por causa da umidade, fungos e bactérias se proliferaram com grande rapidez nesses locais. Muitos dos defensores japoneses foram vítimas de disenteria e por falta de medicamentos e higiene, a maioria morreria. Houveram alguns casos isolados de soldados americanos que também sofreram com essa doença, mas não houve nenhuma morte confirmada por disenteria.
 
 
 
 

O Bombardeio Naval contra Iwo Jima

 
 

Antes da invasão de Iwo Jima, a Marinha Americana cercou e bombardeou por três dias a ilha, numa  vã tentativa de aniquilar suas defesas. Após os bombardeios, a ilha parecia uma parte da lua. Porém, as defesas japonesas aguentaram e simplesmente responderam ao poder naval americano no dia da invasão. Vários navios americanos seriam  danificados pelos canhões japoneses e a marinha reconheceria o erro de não ter aumentado o bombardeio na hora certa. Era o início de uma grande carnificina.



 

A Batalha de Iwo Jima

 
 

A Batalha de Iwo Jima (19 Fev - 26 Mar, 1945) foi uma das mais brutais e violentas batalhas da Segunda Guerra Mundial. Após confirmarem a presença de três bases aéreas japonesas na ilha, os americanos decidem invadir o local e usá-lo para mais bombardeios pesados contra o Japão. Depois de uma longa campanha de bombardeio, os americanos invadem a ilha no dia 19 de Fevereiro. Eles se depararam com as mais formidáveis defesas japonesas de toda a Guerra do Pacífico. Mais de 21000 japoneses defendiam a ilha, sob o comando do maior e mais letal general japonês da guerra. A luta foi longa e brutal. Mesmo com a rápida captura do ponto mais alto da ilha, o Monte Suribachi, o resto da ilha seria mais difícil de ser controlado. Após de 36 dias de puro inferno e carnificina, a batalha chegou ao seu fim no dia 26 de Março com um último ataque suicida japonês de 300 homens contra as posições americanas na ilha. O saldo de mortos e feridos foi aterrador. Os americanos usaram 110000 homens para capturar a ilha e perderam 25000 durante a batalha. Dos 21000 japoneses, 18000 seriam mortos, 216 capturados e pelo menos 3000 desaparecidos. Essa foi uma raras batalhas do Pacífico onde as perdas americanas ultrapassavam as baixas japonesas.




 

O Lança-Chamas: A Arma mais Letal dos Americanos

 
Durante boa parte da Guerra do Pacífico, os americanos empregaram a melhor arma para derrotar o fanatismo japonês: o lança-chamas. Carregado por um único soldado, na forma de dois tanques de combustível nas costas e uma longa mangueira, o lança-chamas foi essencial para neutralizar até mesmo as defesas mais poderosas dos japoneses. Em Iwo Jima, o lança-chamas seria a arma mais usada para neutralizar os abrigos subterrâneos japoneses em toda a ilha. Porém, havia uma única desvantagem. Se o tanque levasse qualquer tipo de tiro, ele exploderia e mataria não só o soldado que o carrega, mas também aqueles em volta dele.
 
 
 
 
 

O Suícido dos Soldados Japoneses

 
Uma das táticas mais bizarras do Exército Imperial era do suicídio após a luta. O soldado japonês fora disciplinado para nunca se render ao inimigo, pois a rendição trazeria desgraça para a família do combatente. Se o soldado japonês fosse ferido ou estivesse a ponto de ser capturado, ele deveria usar sua própria arma ou granada para cometer tal ato. Em alguns casos, o soldado japonês se tacava em seus inimigos com uma granada para causar o maior estrago possível. Por isso, que em toda a guerra do Pacífico houveram pouquíssimos prisioneiros de guerra japoneses. Em Iwo Jima, a maioria das baixas japonesas seria causada por tal ato, pois muitos soldados japoneses ficariam presos e isolados nos túneis da ilha.
 
 
 
 

A Tortura de Prisioneiros Americanos

 
Ao longo da Guerra do Pacífico, os japoneses cometeram centenas de crimes de guerra contra prisioneiros americanos. Os japoneses não gostavam quando um grande número de soldados inimigos fossem capturados. Se isso acontecesse, os japoneses iriam tortura-los até a morte, pois consideravam a rendição uma vergonha para um soldado normal. Um grande número de americanos sofreriam nas mãos de seus captores japoneses. Em Iwo Jima, houveram poucos casos de americanos capturados e torturados pelos japoneses. Porém, aqueles que eram encontrados mortos por tortura, aumentavam ainda mais o ódio americano diante dos japoneses.
 
 
 
 

A Elite da Marinha Imperial: Os Fuzileiros Imperiais

 
A força mais letal e poderosa de toda Marinha Imperial Japonesa: os fuzileiros imperiais. Esses soldados eram altamente treinados e extremamente fanáticos para seu imperador. Usavam as melhores armas do Império e eram sempre usados nas missões mais perigosas. Mesmo após muitas derrotas nas mãos dos americanos, os fuzileiros continuavam a ser uma força de combate de elite. Em Iwo Jima, 2000 fuzileiros imperiais estariam estacionados na ilha. Depois da primeira semana de combate, quase todos estavam mortos. Somente alguns pequenos grupos conseguiram resistir até o fim da batalha.
 
 
 
 

Os Temíveis Ataques Banzai

 
 



A tática favorita das tropas japonesas era o aterrorizante ataque banzai. Era feito usando o maior número possível de soldados contra uma posição fortificada. O ataque só terminava se todos os soldados japoneses morressem ou o inimigo fosse destruído. A maioria desses ataques eram feitos durante à noite, houveram poucos durante o dia. Leva atrás de leva de soldados japoneses atacavam o inimigo. Porém, tais táticas eram ultrapassadas contra as novas armas da Segunda Guerra. Em Iwo Jima, vários ataques banzai seriam lançados ao longo da luta, mas só um assustaria os americanos. Seis dias após a invasão da ilha, 2000 japoneses lançaram uma ataque para expulsar o inimigo da ilha. 1500 foram mortos e só 20 americanos morreram. Tais ataques acabariam enfraquecendo as outras defesas japonesas pelo resto da ilha.
 
 
 
 

O Morteiro Japonês de 320mm

 
Durante a batalha de Iwo Jima, os japoneses haviam introduzido uma nova arma contra os tanques americanos. Era o morteiro de 320 mm. Esse morteiro tinha quase o tamanho de um homem e carregava uma ogiva de quase 300 kg. Mesmo que o estrago fosse devastador, era muito difícil de ser usado contra um alvo em movimento. Assim mesmo, os japoneses empregaram um grande número desses morteiros pela ilha e conseguiram destruir alguns tanques e matar alguns fuzileiros americanos. Havia um batalhão inteiro que só manuseava tal arma. Após a batalha, só alguns exemplares foram capturados intactos pelos americanos.
 
 
 
 
 

O Tanque Sherman no Pacífico






O principal tanque de combate dos americanos durante a Segunda Guerra foi o famoso M4 Sherman. Esse era um tanque médio, mas possuía um poderoso canhão de 57mm. A versão usada no Pacífico era a versão M4A2 que possuía um canhão de 75mm. Como a maioria dos tanques japoneses eram leves e obsoletos, o Sherman se mostrou ser o tanque mais poderoso do Pacífico. Em Iwo Jima, os americanos usariam mais de 80 deles na batalha. Por causa do terreno rochoso e arenoso, muitos acabariam atolados e forçados a serem abandonados. Poucos foram destruídos na batalha.
 
 
 
 
 

Os Civis Japoneses Durante a Segunda Guerra





Durante a Segunda Guerra, a população japonesa tinha uma vida calma e próspera. Após as vitórias iniciais em 1941-42, a população achava que a guerra nunca alcançaria seus lares. Porém, em 1945 a situação era bem diferente. As principais cidades japonesas eram constantemente bombardeadas pelos EUA e milhares de civis foram mortos. Para piorar, a polícia secreta, Kempeitai foi colocada nas ruas das cidades japonesas para confiscarem os bens da população, para ajudar na produção de material de guerra e para prender ou executar possíveis "derrotistas". A fome e doenças já se espalhavam pela nação, mas a população não mostrava nenhum sinal de desmoralização diante de suas próprias forças armadas e principalmente seu imperador. Para eles era vitória ou morte até a última mulher ou criança.
 
 
 
 
 
 

A Missão Militar Japonesa nos EUA

 
Após a Primeira Guerra Mundial, o Japão havia se tornado um país extremamente desenvolvido e precisava aprender as novas táticas de combate para as guerras do futuro. O país que mais chamava a atenção nos anos 1920 era os EUA. Imediatamente, vários oficiais do exército e da marinha imperial foram enviados em missões militares para aprenderem essas novas táticas, conhecerem a imensa indústria americana e ganhar a confiança dos militares americanos, caso algum dia ambas as nações lutassem lado a lado. Entre os oficiais japoneses estava o defensor de Iwo Jima, o General Kuribayashi. Lá, ele seria homenageado e ganharia o respeito do alto comando americano após alguns exercícios militares. Alguns rumores da época diziam que ganhou uma pistola Colt. 9mm e a usou em Iwo Jima.
 
 
 

Bibliografia: