quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Análise Histórica - "Apocalypse Now"

Apocalypse Now - O Filme de Guerra Mais Alucinante da História

 
 
 
Apocalypse Now é um filme americano dirigido por Francis Ford Coppola, baseado no livro de Joseph Conrad, "O Coração das Trevas", e lançado no ano de 1979. A história do filme (que é totalmente fictícia) se passa durante a Guerra do Vietnã e conta sobre a eliminação de um coronel americano que enloqueceu e desertou sua própria nação para lutar pelo inimigo. Há grandes estrelas nesse filme como: Martin Sheen, Marlon Brando, Robert Duvall, Harrison Ford, Laurence Fishburne entre outros. O filme possui grandes pegadas filosóficas e poéticas. Há também vários momentos de violência explícita e pura insanidade. O filme foi feito para mostrar o lado mais obscuro e enlouquecido de uma guerra e o trauma que deixa para qualquer um, tanto militares quanto civis. Esse filme é excelente em todos os sentidos. Recomendo 100%.
 
 
 

A Guerra do Vietnã (1955-1975)

A Guerra do Vietnã foi um dos maiores e mais brutais conflitos do século XX e da Guerra Fria. Iniciada logo após a expulsão de tropas francesas em 1955, o Vietnã foi dividido em dois: o Norte (comunista) e o Sul (capitalista). Ambos os lados tinham forte apoio militar e político da USSR e dos EUA. De início, a guerra foi travada na fronteira entre ambas as nações, mas, o Norte empregou uma nova tática contra o Sul: a guerrilha. Sofrendo grandes derrotas pelas mãos da guerrilha comunista, conhecida como Vietcongue, o Sul estava em desespero e precisava de ajuda. Pediu de imediato uma intervenção americana que só ocorreu em 1965. Os americanos usaram todo o seu poder de fogo e treinamento de elite para aniquilar a guerrilha, mas fracassaram diante das simplicidades comunistas. Para piorar, o Norte criou um exército moderno e profissional com a USSR e invadiu o Sul. Presos numa guerra caótica contra dois inimigos diferentes, os EUA foram cada fez mais perdendo força e prestígio diante do avanço comunista.
 
 
Em 1973, o governo americano reconheceu o fracasso que foi a campanha contra o Vietnã do Norte e ordenou a retirada total de suas forças da região. Sem o apoio dos EUA, o Sul ainda resistiu por mais dois anos até a queda definitiva do governo com a captura de Saigon em 1975. Com essa vitória em mãos, os comunistas unificaram o país e introduziram o sistema comunista da USSR. A Guerra do Vietnã é lembrada como o maior fracasso militar americano no estrangeiro e talvez o pior trauma que existe até hoje para os americanos.
 
 
 

A CIA no Vietnã



 A CIA (Central de Inteligência Americana) foi bastante ativa durante boa parte do conflito. Sua principal missão era criar um grupo de soldados de elite, liderados por agentes da própria agência, contra bases do Vietcongue no Camboja e no Laos. Estabelecendo sua base de operações em Saigon, a CIA lançou centenas de operações militares não-oficiais contra a temível rota de Ho Chi Min. Essa rota era bastante usada pelo Vietcongue para mover homens e equipamentos pesados, sem serem detectados e atacados pelo ar. A CIA decidiu destruir essa enorme rota, que passava pelo Laos e o Camboja, conectando o Norte e o Sul do Vietnã, usando táticas de guerrilha com soldados veteranos e de elite. O resultado foi caótico. No fim, a CIA fracassou em eliminar tal rota do Vietcongue e diminuir os ataques contra o Sul. Em 1969, a CIA finalizou suas operações no Vietnã e reconheceu que o Vietcongue era uma força profissional.
 
 
 

A Importância dos Barcos Patrulha no Vietnã

 

A região Sul do Vietnã é dominada por dezenas de rios e riachos, prejudicando o avanço de tropas e tanques pelo território aliado. Para proteger as linhas de comunicação dos EUA, um novo barco patrulha foi criado para patrulhar, eliminar qualquer ameaça vinda pelos rios e levar forças especiais para dentro de território inimigo sem serem detectados. Foram usados de 1966 até 1971. Mais de 250 seriam empregados na guerra e ficariam famosos por ações de extrema importância ao longo do conflito. O barco patrulha era armado com duas metralhadoras de calibre .50, uma metralhadora M60 e um canhão pesado. Alguns modelos carregavam lança-granadas. Possuía uma ótima blindagem, capaz de resistir a quase todo tipo de armamento pesado lançado contra o barco. Mesmo atuando com grande sucesso e poucas baixas, os barcos patrulha acabaram fracassando em deter o avanço Vietcongue pelos rios do Sul e as unidades restantes foram retiradas do conflito. Algumas dessas unidades depois seriam vendidas para o Brasil, que usa elas até hoje.
 
 
 

A Mídia no Vietnã



A Guerra do Vietnã foi talvez uma das guerras mais bem documentadas na História. A mídia internacional, principalmente a americana, esteve presente em todos os grandes eventos que ocorreram ao longo do conflito. As primeiras imagens do conflito surgiram em 1960 e durariam até a queda de Saigon em 1975. De início, a mídia fazia grandes propagandas patrióticas para o povo americano sobre as grandes vitórias contra os comunistas. Porém, em 1968, quando o ENV (Exécito Norte-Vietnamita) lançou a temível Ofensiva do Tet, a mídia mudou de foco e começou a mostrar os horrores da guerra com fortes imagens de soldados e civis mortos. Quando as estimativas de mortos e feridos alcançaram os ouvidos do povo americano, este de imediatado iniciou uma camapanha para terminar com a guerra. Protestos começaram a ocorrer pelos EUA e a mídia iniciou transmissões ao vivo que acabariam chegando aos olhos e ouvidos do soldado americano. Em 1973, os EUA ordenou a retirada total de suas forças, tanto por causa da moral baixa americana pela guerra e também pelas atrocidades que soldados americanos cometeram pelo Vietnã contra civis. O caso mais famoso foi o massacre da vila de My Lai. Mesmo após a retirada americana, várias emissoras de TV continuariam mostrando a guerra até a queda de Saigon em 1975.
 
 
 

Tanques de Guerra no Vietnã



O uso de tanques e veículos blindados no Vietnã foi limitado e só utilizado em situações de extrema necessidade. Por causa da geografia montanhosa do Vietnã, tanques não tinham como se locomover com facilidade pelo terreno montanhoso e de mato fechado. Isso forçou os EUA e o ENV usarem infantaria e helicópteros na maioria dos embates da guerra. Quando os tanques conseguiam alcançar o campo de batalha, eles eram usados para apoiar a infantaria e aniquilar posições fortificadas do inimigo. Houveram poucos combates entre tanques na guerra, mas aqueles que ocorreram foram ferozes e brutais, causando grandes baixas para ambos os lados. O principal tanque americano na guerra foi o M48 "Patton", foto acima, (tanque médio com canhão ou lança-chamas de longo alcance). Já o principal tanque vietnamita foi o T-54/55 (tanque médio com canhão de médio a longo alcance).


Helicópteros: Os Veículos Mais Essenciais de Toda a Guerra

 
 
A Guerra do Vietnã foi a primeira guerra onde houve um uso maciço de helicópteros. Por causa das montanhas, o jeito mais fácil e seguro para alcançar os campos de batalha era com essas belezuras. O principal foi o americano Bell UH-1. Usado para todo o tipo de tarefa como: reconhecimento, ataque, suporte, transporte e evacuação. Era fortemente armado com metralhadoras M60, Miniguns, Foguetes e Lança-Granadas. Tinha uma fraca blindagem, mas era rápido e difícil de ser abatido. Assim mesmo, muitos foram perdidos ao longo da guerra e outros abandonados para o inimigo. O Vietnã do Norte empregou, com certos limites, o modelo MI-8. Usado para transporte e patrulha, o MI-8 era mais devagar comparado ao Bell, mas tinha uma poderosa blindagem e carregava armas mais pesadas. Em geral, o helicóptero foi o veículo e a arma mais importante para os EUA resistir por quase 10 anos essa guerra que ceifaria a vida de milhares de pessoas.
 
 

A Guerra Psicológica no Vietnã

 



Quando a CIA entrou na Guerra do Vietnã, ela criou uma subdivisão que tinha o objetivo de quebrar a moral do inimigo e força-lo a se render. Essa operação ficaria conhecida como "Fênix" e de início se mostrou um sucesso contra os comunistas do norte. Várias táticas de guerra psicológica foram usadas como: lançamento de panfletos para desmoralizar o inimigo, infiltração de espiões do Sul no Vietcongue para confundir o inimigo, músicas de Beethoven em ataques aéreos e a colocação de cartas de baralho nos corpos de soldados comunistas, numa tentativa de mostrar quem os matou. Mas, o ENV também utilizou suas próprias táticas de guerra psicológica, que tiveram mais efeito do que as operações da CIA. A tática favorita do norte era o uso de rádios e megafones. Estes eram usados no campo de batalha para distrair o inimigo ou força-lo a se render. Mais pro final da guerra, o ENV utilizaria civis "suicidas" contra bases americanas numa tentativa de força-los a ir embora de seu território. Tais táticas tiveram sucesso como podemos perceber com a retirada americana em 1973.
 
 

A Guerrilha Comunista do Vietnã: O Vietcongue



Quando os EUA adentraram a Guerra do Vietnã, eles se depararam com dois grupos de inimigos diferentes. O ENV que era uma força regular e treinada pela USSR e o Vietcongue um exército de guerrilha da Frente Nacional de Libertação. Os Vietcongues foram os principais combates de quase toda a guerra contra os americanos. Fortemente armados e bem treinados na arte da guerrilha rural e urbana, o Vietcongue era uma força de elite. Usavam trilhas pelas selvas e montanhas para se locomoverem e não usavam veículos, pois chamava muita a atenção para possíveis ataques aéreos. Também construíam enormes e profundos túneis, onde estabeleciam depósitos, armadilhas, hospitais e até mesmo escolas. O Vietcongue foi um inimigo diferente para o soldado americano, pois usava roupas civis ao invés de militares e se infiltrava com facilidade com a população local. Eram mestres nas táticas de emboscadas e foram responsáveis pela maioria das perdas americanas na guerra. Quando os americanos deixaram o Vietnã em 1973, o Vietcongue continuou sua luta pela unificação do Vietnã e só seria dissolvido em 1976 após a unificação e a queda do Khmer Vermelho no Camboja.
 
 
 

O Napalm. A Arma Mais Letal do Vietnã



O Napalm é uma bomba formada por um composto químico misturado com petróleo que tem um único objetivo: aniquilar qualquer alvo designado como perigoso. Esse tipo de bomba foi desenvolvido em Havard e usado pela primeira vez na Segunda Guerra Mundial. Durante a Guerra da Coréia, o Napalm também foi utilizado, mas retirado de serviço após forte pressão internacional contra o seu uso em cidades. Porém, quando os EUA entraram na Guerra do Vietnã, eles reintroduziram essa arma letal, pois era ideal para aniquilar um inimigo que usava a selva para deter a ofensiva americana. Quando lançado de um avião ou um helicóptero, o Napalm entra em contato com o solo e se transforma numa imensa bola de fogo que consome tudo de imediato. As chances de sobreviver a um ataque eram quase impossíveis. Após ser atingido pela bomba, a pela humana começa a "derreter" e a respiração diminui por causa da forte fumaça que é consumida no processo, causando intoxicação. A arma não foi decisiva para a guerra. Mesmo destruindo e causando severas baixas para o inimigo, o Napalm se revelou um fracasso e uma perda de tempo. Para piorar, causou grandes baixas civis, o que forçou os EUA a proibirem seu uso em qualquer conflito até hoje. O napalm é considerado uma arma de último recurso em situações de extrema necessidade.
 
 
 
 

O Uso de Drogas no Vietnã

 

Durante toda a Guerra, os soldados americanos consumiram uma grande variedade de drogas para aliviar a tensão e possíveis traumas das batalhas. A droga mais usada foi o LSD. É um tipo de ácido que consumido pode fazer com que a pessoa sofra halucinações e delírios mentais até o fim de seu efeito. O Alto-Comando americano tentou por várias vezes proibir a vinda dessas drogas, mas era no próprio Vietnã onde os americanos obtiam a maioria delas. O uso descontrolado dessas drogas levou a retirada de milhares de combatentes por falta de capacidade psicológica e física após o uso dos narcóticos. Mesmo após a retirada americana em 1973, muitos soldados voltaram para casa viciados e sem condições de manterem um futuro em seu país. Só alguns conseguiram se livrar dessas drogas e retornar à sociedade. Infelizmente, a maioria viveria pelas ruas americanas a procura de novas drogas e sem terem uma chance de viverem em paz.
 
 
 

Celebridades no Vietnã



Muitas celebridades surgiram durante e após o conflito. A maioria delas fora contra a guerra e apoiava o movimento hippie. Uma dessas pessoas foi Jane Fonda (foto acima), que visitou a capital do Vietnã do Norte, Hanói, como uma forma de protesto contra a guerra. Outras celebridades, que conhecemos hoje lutaram no Vietnã como soldados. O candidato americano John McCain, o diretor americano Oliver Stone, o ex-secretário da defesa americana Colin Powell e o ex-senador americano Bob Kerrey são alguns desses exemplos de meros soldados que se tornariam no futuro celebridades da TV e da política americana. Mas, nem todos eram contra a guerra. Alguns, como John Wayne, eram a favor do conflito, pois impediria o avanço comunista na Ásia e trairia o benefício do capitalismo para essas regiões. Para alegrar ainda mais as tropas no Vietnã, o governo americano organizava "festas" especiais com celebridades do mundo adulto, como as coelhinhas da Playboy e de outras revistas de entretenimento adulto, para aumentar a moral das tropas que já lutavam à anos e também para lembrar um pouco de casa quando a guerra terminasse.
 
 
 

O Camboja na Guerra do Vietnã

 
 

Ao longo de toda a Guerra do Vietnã, o Camboja adotou uma postura neutra. Mas, o Vietcongue utilizava seu território para treinar e estabelecer bases avançadas da guerrilha comunista contra o Sul. Quando os EUA entraram no conflito, eles pediram ao exército real cambojano para ajudar na luta contra o Vietcongue. Porém, o governo do Camboja negou participar do conflito e simplesmente ignorou a presença de guerrilheiros em seu território. Em 1970, os EUA invadiram o Camboja e tentaram neutralizar as bases do Vietcongue. O governo local não ofereceu resistência, mas também não deu apoio militar. A invasão seria um fiasco. Os EUA destruiram várias bases do Vietcongue, mas quando estes recuavam, os guerrulheiros comunistas retornavam e reconstruíam tudo que haviam perdido. Após a retirada dos EUA em 1973, o Vietcongue deixou o Camboja e se concentrou na luta contra o Sul. O governo cambojano acreditava que o pior já havia passado, mas algo bem pior surgiu: o Khmer Vermelho. O Khmer Vermelho era um grupo extremista marxista e que apoiava a idelogia comunista da China, assim sendo um inimigo do Vietnã que apoiava a USSR. Após 1975, o Camboja entraria numa longa e brutal guerra civil que só terminaria em 1979 com uma invasão do Vietnã já unificado.

Colonos Franceses no Sudeste Asiático

 
O Sudeste Asiático, também chamado de Indochina, foi uma região da Ásia bastante disputada e controlada pela França. A colonização francesa teve início no século 19 em 1862, quando a França ocupou a região da Cochinchina. Pelo resto do século 19, a França avançaria seus exércitos pelo resto do Sudeste Asiático e os defenderia de outras nações como Inglaterra, Holanda e Sião (atual Tailândia). Mas, após a Segunda Guerra Mundial, a Indochina entraria numa longa luta pela independência contra a França. Em 1954, a França enviou uma força militar para impedir a perda de tais territórios, mas sofreu uma humilhante derrota e forçada a recuar do território. A França só reconheceria o Vietnã em 1973, após a retirada americana e antes mesmo da unificação que ocorreria em 1975. Durante a Guerra do Vietnã, vários colonos franceses ainda viviam escondidos em grandes fazendas no interior do Camboja e do Laos, mas a maioria retornaria para a França após a guerra.
 
 
 
 

Bibliografia: